Ecumenismo (ou eucumenismo) é o processo de busca da unidade. O termo provém da palavra grega "oikos" (casa), designando "toda a terra habitada". Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões ou, mesmo, da humanidade. Neste último sentido, emprega-se também o termo "macro-ecumenismo".
O Dicionário Aurélio define ecumenismo como movimento que visa à unificação das igrejas cristãs (católica, ortodoxa e protestante). A definição eclesiástica, mais abrangente, diz que é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as diferentes igrejas cristãs.
Do ponto de vista do Cristianismo, pode-se dizer que o ecumenismo é um movimento entre diversas denominações cristãs na busca do diálogo e cooperação comum, buscando superar as divergências históricas e culturais, a partir de uma reconciliação cristã que aceite a diversidade entre as igrejas. Segundo a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, o termo ecumênico quer representar que a Igreja de Cristo vai além das diferenças geográficas, culturais e políticas entre diversas igrejas. Nos ambientes cristãos, a relação com outras religiões costuma-se denominar diálogo inter-religioso. Este artigo foi desenvolvido na perspectiva do ecumenismo como a busca de unidade entre igrejas cristäs.
O termo ecumenismo
No mundo grego, ecumenismo significava "terra habitada", e tinha o sentido de "povo civilizado", de cultura aberta, tanto com uma perspectiva geográfica, como de civilização. Com as conquistas do império romano, o termo ganha mais uma conotação, a conotação política. Já no cristianismo, a palavra é utilizada numa perspectiva espiritual: a "terra habitada" passa a ser considerada obra de Deus, tornada habitável pela colaboração humana. Assim, assume a conotação de uma tarefa a realizar.
Em 381, o Concílio de Constantinopla refere-se ao Concílio de Nicéia como Concílio ecumênico. Neste contexto, a palavra ecumênico refere-se tanto à reunião de pessoas de distintos lugares, quanto à doutrina e costumes eclesiásticos aceitos como norma para toda a Igreja Católica. Após o império romano, o termo ecumenismo deixa de ter a conotação política e passa a ser utilizado na Igreja. Por exemplo, o Credo Niceno-Constantinopolitano é considerado ecumênico por ser a profissão de fé aceito por todos os cristãos.
A raiz do ecumenismo moderno data do final do século XVIII, com as missões protestantes. O grande impulsionador destas missões, William Carey propôs a cooperação entre os cristãos para fazer frente à evangelização de um mundo cada vez maior a ser cristianizado. Mas o termo ainda tem conotações geográficas, enquanto busca a unidade em vista da expansão do Evangelho.
A partir dos movimentos Fé e Constituição e Vida e Ação, o termo ecumenismo espalhou-se nos ambientes eclesiais como o relacionamento entre as igrejas cristãs divididas na direção de superar as divergências teológicas, de aproximar os cristãos das diversas denominações e cooperar com a paz mundial.
Tipos de Ecumenismo
O ecumenismo tem uma face plural. As iniciativas e o diálogo ecumênico ocorrem em diferentes níveis e entre diferentes atores. Bosch classifica estas iniciativas segundo:
Ecumenismo espiritual: o ecumenismo espiritual pressupõe que a superação das diferenças humanamente insuperáveis é uma obra de Deus. Requer uma atitude orante e também uma atitude de diálogo que brota da convicção de unidade espiritual entre aqueles que creem em Jesus Cristo. O Concílio Vaticano II afirma que "a oração é a alma do ecumenismo".
Ecumenismo institucional: é aquele que ocorre ao nível das instituições promotoras do ecumenismo, como o Conselho Mundial de Igrejas e o Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos.
Ecumenismo oficial: é aquele que envolve as autoridades eclesiásticas das diversas igrejas.
Ecumenismo doutrinal: trata-se das iniciativas de diálogo sobre as diversas questões doutrinais que estão na raiz das divergências. Busca-se atingir pontos de convergência no que é o essencial do cristianismo através de encontros, colóquios e diálogos entre as diversas igrejas.
Ecumenismo local: o ecumenismo local corresponde às iniciativas e ações comuns que ocorrem na base das igrejas.
Ecumenismo secular: o ecumenismo secular é uma corrente do movimento ecumênico representada por aqueles que, diante do impasse e da lentidão das diversas instituições em realizar a unidade, creem que somente a aplicação do método indutivo – que parte da história concreta em que se está inserido e da encarnação como tema central - poderá levar adiante a tarefa ecumênica. Segundo os secularistas, o pensamento e a ação ecumênicas devem estar centradas no mundo secular, no serviço do ser humano. Assim, o ecumenismo secular coloca-se na busca da justiça, da paz, da ecologia e da luta contra a pobreza expressa nas diversas teologias da libertação.
Organismos Ecumênicos
BRASIL
No Brasil e no mundo existem vários organismos de natureza ecumênica. O mais importante, no Brasil, é o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), fundado em novembro de 1982, com sede em Brasília e cujo símbolo é um barco. Seus membros são:
Igreja Católica Apostólica Romana
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil
Igreja Católica Ortodoxa Siriana do Brasil".Existem organismos ecumênicos que atuam em causas comuns, como Koinonia, Diaconia, Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Centro Ecumênico de Serviços à Educação e Evangelização Popular que têm ações de apoio ao movimento popular e às igrejas.
AMÉRICA LATINANa América LatinaNa América Latina, mencione-se o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), criado provisoriamente em 1978, em Oaxtepec / México, e definitivamente em 1982, em Huampani / Peru. Com sede em Quito / Equador, reúne hoje 150 diferentes igrejas de todos os países do continente latino-americano. Realizou assembleias gerais em Haumpaní (1978), Indaiatuba / Brasil (1989), Concepción / Chile (1995) e Barranquilla / Colômbia (2001). A quinta assembleia geral foi realizada em Buenos Aires / Argentina (2007).
MUNDO
No mundoNo âmbito global, destaca-se o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), fundado em Amsterdão (1948), contando hoje com 350 igrejas do mundo, com mais de 500 milhões de fiéis. Fazem parte dele a maioria das denominações protestantes e das igrejas ortodoxas. A Igreja Católica Romana ainda não é membro pleno, mas é-o de unidades específicas do CMI, como a Comissão de Fé e Ordem, que trata dos assuntos doutrinários. Realizam-se suas assembleias gerais a cada sete ou oito anos entre elas, tendo a VIII Assembléia Geral sido realizado em Harare / Zimbábue (1998) e a IX Assembléia Geral em Porto Alegre / Brasil, em fevereiro de 2006. O novo Comitê Central, eleito nessa assembleia, elegeu por sua vez como seu Moderador, Walter Altmann, Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Fontes:
Bosch, Juan: Para compreender o ecumenismo.Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1995, ISBN 9788515011810.
CNBB: O que é ecumenismo: Ajuda para trabalhar a exigência do diálogo. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1997, ISBN 9788515015467.
Wolff, Elias: Caminhos do Ecumenismo no Brasil. Editora Paulus, São Paulo, Brasil, 2002, ISBN 8534920257.
Vercruysse, J.E., Introdução à teologia ecumênica. São Paulo: Edições Loyola.ISBN 85150117849